Eula Cris apresenta uma das melhores obras do ano, confira nossa crítica
Prestes a completar seus 5 anos de carreira, aos 20 anos, a cantora pernambucana, Eula Cris, assume um papel
Prestes a completar seus 5 anos de carreira, aos 20 anos, a cantora pernambucana, Eula Cris, assume um papel proeminente em seu terceiro trabalho pela música cristã contemporânea.
De identidade pentecostal, intérprete registra em áudio os segredos de uma vida de adoração, espera, paciência e promessas a serem cumprindas. Essas confissões, materializadas em 11 faixas, algumas de forma mais literal, outras metafóricas, serviram de inspiração para seu novo álbum, que conta com a assinatura do músico e produtor, Samuka Santos.
Eula Cris transmite de forma suntuosa, canções que emocionam e nos deixa com um gostinho de quero mais a cada track. Em “Eternidade”, a jovem prodígio prova que as melhores coisas não vem em frascos grandes – sem trocadilho com a altura da artista -, elas vem transvertidas com íconas performances e uma louca vontade de falar sobre Deus, erguendo-se do modo mais inesperado possível.
A música de abertura, “De Eternidade em Eternidade”, cumpre com o papel proposto no concerto, os quais são traduzidas pelos interessantes e tendenciosos arranjos que te lembra dos anos 2000, nutrindo uma ótima percepção da obra e que te instiga a atenção para as demais faixas.
Já a proxima faixa, “Ninguém Viu” é uma melancólica carta de Deus para o homem, revelando a hegemonia do Todo Poderoso. Aqui, biblicamente falando, a descrição onipotente, onisciente e onipresente é posta em maior evidência. Os arranjos apresentados na faixa anterior dão lugar a uma sonoridade mais sutil e intimista.
Nessa terceira canção, Eula nos mostra que o tradicional pentecostal ainda está vivo, em “Milagre“, baseada na historia de Lázaro, cantora aposta em arranjos estilizados comumente europeu, pouco utilizado nas produções do gênero desde a década passada. Mesmo com alguns deslizes e uma brutalidade menos fluida do que aparece em outras tracks, é inegável o poder de síntese e de catarse que ela nos convida a buscar.
Se uma track anterior intérprete apresentava uma carta de Deus para o homem, “A Mão de Deus” cumpre o oposto. Feito uma oração, cantora traz a colaboração do pequeno Sóstenes Lucas na faixa, que cria um som uníssono com a artista em determinadas partes. Canção cresce em seu segundo corpo e transmite uma singularidade emocionante. Aqui vemos a extensão vocal de ambos em seu melhor estado naturalista.
Se é inovação e renovação que o pentecostal tem buscado, preservando suas origens e deixando um gostinho de nostalgia, sem dúvidas essa união está presente nesta faixa: “Sou Livramento“. Os arranjos mostrando no início da obra aqui voltam com tudo, e é presente de início ao fim, com pequenas paradinhas que já estamos familiarizados, explorando novas camadas de sua potência vocal e de sua tecedura.
“Novo Coração” é a canção mais interessante da obra, que busca falar da verdade nua e crua em sua estrutura. De fato, canção da ênfase aos acontecimentos atuais, enfatizando a descrição bíblia “em tudo que deves guardar, guarde o teu coração”. Ao mesmo tempo em que vem a criticar a caricatura evangelista atual, música preserva o intelecto daquele que vem a cantar, colocando em destaque a mudança do caráter interior.
Narrando a crucificação de Jesus, intérprete volta a desafiar a melancolia em “O Meu Jesus Está Vivo“, de um modo mais acertivo e de arranjo mais propenso, com o produtor dando maior destaque ao mezzosoprano da artista.
Desconstruindo o que vinha apresentando nas faixas anteriores, de arranjos fortes, em “A Sós com Deus“, cantora nos apresenta a canção mais intimista da obra, com moderados acordes. Novamente trazendo uma oração cantada, cantora recebe a colaboração de Ruthe Dayanne na track, que atua como a “resposta de Deus”. Canção vai crescendo com o tempo e se torna uma das mais lindas do projeto.
Em sua nona faixa, Cris nos revela o que já sabemos desde que entramos pela primeira em uma igreja: adorar a Deus a qualquer custo. Trazendo um dueto com os irmãos Luanna e Francisco, “Vencer Adorando” leva o nome da canção até o fim, nos apresentando algumas dificuldades que a vida nos impõe ao longo de tempo, ao mesmo tempo que define a resposta: adorar. Sem dúvidas adorar a Deus é algo prazeroso, e a canção é só evidencia o que já sabemos.
“Ele é Deus” aborda novamente a onisciência, onipotência e onipresença de Deus, com destaque para o levemente merengue-brasileiro.
Entrando no corte final como faixa bônus, cantora traz a canção autoral “Ninguém Viu” ainda mais melancólica, numa versão voz e piano, no melhor estilo acústico.
Conclusão
Eula Cris assume a vontade de renovação neste último trabalho, com sonoridades que difere de seus projetos anteriores, visível desde o primeiro tema que abre o álbum. Essa renovação foi instintiva e surgiu naturalmente, ditada pela intensidade das histórias e espelhado no resultado final de “ETERNIDADE”.
A obra funciona como um espelho para a própria performer, que entende a si mesma em várias canções ao mesmo tempo que senta para refletir sobre os obstáculos que enfrentou. Emtérprete se mostra empondeirada e que veio para ficar – e que está pronta para fazer parte das A-Lists da esfera musical do meio pentecostal.
Ouça: