Análise Mais: O Maior Troféu – Damares

Damares, uma das mais influentes representantes da música pentecostal da atualidade e uma cantora que divide opiniões. Amada por

Análise Mais: O Maior Troféu – Damares

Damares, uma das mais influentes representantes da música pentecostal da atualidade e uma cantora que divide opiniões. Amada por muitos e questionada por outros, estes, geralmente alegando exagerado triunfalismo ou revanchismo em suas músicas, Damares é uma cantora inegavelmente popular.

Depois de dois discos, “Apocalipse” e “Diamante”, que se firmaram como grandes sucessos, a cantora nos apresentou em 2013, seu novo álbum pela gravadora Sony Music, “O Maior Troféu”. Este veio com a missão de manter a artista no posto de destaque pentecostal, e com o desafio de manter o sucesso de vendas de seus antecessores.

Com produção de Melk Carvalhedo e Emerson Pinheiro, “O Maior Troféu” já é, sem dúvidas, um dos discos mais vendidos da carreira da artista chegando a vender mais de 750 mil cópias. Apesar do CD já possui alguns anos, nós – do Mais Gospel – resolvemos lançar uma análise completa deste sucesso de vendas e crítica.

Emiciando o trabalho, temos “A vida venceu”, composição de Jeann e Júnior. A música é a cara de Damares e, talvez por isso, seja o cartão de visitas do disco. Estabelecendo uma relação entre as tecnologias modernas e a impossibilidade humana de explicar a morte, a letra fala sobre a vitória de Cristo na cruz do Calvário. O destaque positivo da música é o tema que trata-se da base do cristianismo. Outro ponto que merece destaque é o back vocal bem colocado e com algumas pontes interessantes.

O single e tema do disco, “O Maior Troféu”, foge da temática dos maiores hits anteriores da cantora – talvez para se livrar da imagem de cantora de músicas revanchistas, como ficou conhecida por pessoas manipuladoras que leem a bíblia e querem impor algo que não existe numa canção como a de “Sabor de Mel” – Damares optou por uma música que diz que o maior troféu que o homem pode receber, é ter o nome escrito no Livro da Vida. Com uma letra simples e bonita composta por Tony Ricardo, um dos destaques da música é a interpretação da cantora que ficou na medida certa. O arranjo vocal novamente é ótimo para a música pentecostal. Com momentos de dueto, back vocal pesado no refrão e uma bela sobreposição de vozes no final.

A temática do Arrebatamento ganha moldes pop e com detalhes trabalhados em instrumentos de sopro na música “Todo Olho o Verá”, de Moisés Cleyton. As revelações do apocalipse são cantadas de forma ordenada, culminando no refrão animado e acompanhado pelo back vocal. Alguns arranjos da música estão bem agradáveis e a progressão do back em certos momentos é interessante. A faixa começa bem devagar até ganhar uma “encorpada” em seu meio corpo até o final.

“Pode ser Hoje”, de Tângela Vieira, fala sobre fazer tudo ao Senhor com o máximo de dedicação como se estivéssemos no último dia, afinal, a volta do nosso Salvador pode ser hoje. Uma bela letra que é cantada até hoje nas igrejas, um sucesso inquestionável, embora, os arranjos serem simples.

Uma das melhores faixas do disco vem agora.

“Essência da Adoração” reúne os melhores elementos das músicas anteriores em apenas uma canção. Um tema não comumente abordado na música pentecostal – a adoração, que nos últimos anos tem sido bastante optado por grandes cantores do gênero pentecostal devido a sua alta aceitação na era digital – uma introdução excelente no piano e a melhor interpretação de Damares no disco. O back vocal que, até aqui vinha muito bem, ganha um destaque especial e cumpre seu papel com louvor. A sobreposição das vozes e um refrão simples e empolgante credenciam.

“A Dracma e Seu Dono”, de Anderson Freire, foi uma das músicas mais aguardadas do disco, tudo por causa de sua inusitada participação especial, a do cantor Thalles. A curiosidade em torno do cantor interpretando uma música pentecostal foi grande e o resultado não deixou a desejar. A harmonia de dois artistas tão diferentes é, certamente, um dos pontos altos da faixa. De inicio, a música tem um viés sertanejo muito interessante, mas a partir do segundo refrão entra nos trilhos pentecostais sem perder o fôlego. A canção se tornou um hit global ficando até os dias de hoje nas paradas de sucesso.

“Adorador” é musicalmente interessante. A faixa não tem aquele refrão explosivo típico das músicas pentecostais, mas isso não é ruim, pois a deixa menos óbvia. A música vai crescendo e no momento que viria aquele tradicional ápice mais acelerado da canção, ela diminui o ritmo. Novamente muito bem colocado, o back vocal ganha destaque encorpando a música. A composição é de Nice Santos.

Na oitava faixa aparece o que muitos esperavam que Damares fizesse o disco inteiro. “Você Mais Deus”, de Moisés Cleyton, é uma música popular, de fácil assimilação, falando sobre vitória e confiança em Deus, e com um arranjo genuinamente pentecostal.

“Sou Teu Deus” inicia como uma oração que tem como seu ponto alto, e refrão, a resposta de Deus. “Eu estou pertinho e você não vê” demonstra um Deus amoroso querendo amparar seu filho que sofre. A letra de Moisés Cleyton não é inovadora nem nada do tipo. Destaque para a interpretação de Damares que ficou na medida certa que a música pedia.

“Alto Preço” parece feita especialmente para grupos de senhoras de igrejas pentecostais. Anderson Freire compôs uma letra interessante que fala sobre pagar o preço para chegar ao céu, pois, o mais alto preço foi pago na cruz. O refrão ganha uma série grudenta de “eu to pagando, eu to pagando” que fica na cabeça. Com forte apelo popular, a canção ganhou destaque não só pela sua produção mas também por sua letra – á quem diga que não “pagamos o preço”, quem pagou foi Jesus, esquecendo que o próprio diz: -Quem quer me seguir negue a si mesmo e segue-me, se negar a nós mesmo todos os dias não é pagar o preço, então não sei o qual o nome devo dar a isso.

O nome “Temporal de Poder” já dava indícios do que viria na décima primeira faixa. “Tempestade de glória” e “enchente de milagres” são expressões marcantes na canção – não pode faltar aulas da professora Damares, né? -. A música composta por Tângela Vieira divide opiniões, mas considerando que faz parte do mesmo estilo que tem em “500 Graus”, de Cassiane, se torna mesmo clichê.

Depois de duas faixas com letras simples, chega “Oração de Jabes” de Anderson Freire. A letra é bastante bíblica e apresenta esse personagem pouco conhecido de forma interessante. Os arranjos são simples e feitos para evidenciar a interpretação singela da cantora. Faixa bastante interessante pois foge do óbvio, mas ainda assim se mantém popular.

A tradicional faixa com elementos de forró, típicas de discos pentecostais, vem com “Davi ou Mical”, de Moisés Cleyton. Embora a melodia lembre outras tantas músicas do gênero, não apresenta nada de novo, a música vale a pena pela letra. Com estrofes bem trabalhadas e embasadas em no capítulo 6 de II Samuel, a canção se enriquece.

“Tô Na Estrada” é uma surpresa interessante do disco. Anderson Freire compondo e Damares cantando sertanejo universitário. A produção da música foi muito bem pensada por Melk que, caso errasse a mão, teria deixado a faixa caricata. Dentro das conhecidas limitações do estilo, é uma música digna.

O disco fecha de forma quase decepcionante com “Celebrando a vida”, uma música cercada de expectativas por reunir, além de Damares, três dos maiores talentos da nova geração da música cristã nacional: Brenda, Jotta A. e Anderson Freire. Com esses companheiros, poder-se-ia fazer uma das melhores faixas do disco, caso a música escolhida fosse mais promissora –“Adorador” poderia ter sido facilmente escolhida -. A música não é ruim, pelo contrário. É um pop dançante bem executado e com um belo trabalho de back vocal. O grande problema é a sensação de desperdício de talentos em uma música mediana e sem grandes pretensões.

 

Conclusão

A coisa mais perceptível ao ouvir “O Maior Troféu” é o cuidado com o repertório. A seleção das músicas foi feita de forma cuidadosa para manter a multidão de admiradores de Damares e conquistar os amantes da música pentecostal ainda resistentes à cantora.

Em alguns momentos ao longo do álbum, tem-se a impressão de estar ouvindo um trabalho de outro tempo. Certos músicas e arranjos parecem saídos de discos do começo dos anos 2000, como “Recompensa” de Cassiane. E isso é ótimo! Damares fez um disco essencialmente pentecostal, mantendo o pop, que insiste em invadir as produções do gênero, presente, mas sob controle.

“O Maior Troféu” traz uma Damares musicalmente madura e em seu melhor momento. As interpretações estão mais comedidas, mas não menos fortes, como pede o estilo pentecostal. É um disco muito correto, tecnicamente bem pensado, com poucos deslizes realmente significativos. Suas mais de 750 mil cópias são exemplos de um CD agradante de um público igrejas afora.

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Gilcinei

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