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Análise Mais: Novo Tempo – Shirley Kaiser

Aposta do selo Universal Music Christian Group daquele ano, a capixaba Shirley Kaiser apresenta Novo Templo, seu sétimo disco – o primeiro projeto pentecostal

Análise Mais: Novo Tempo – Shirley Kaiser

Aposta do selo Universal Music Christian Group daquele ano, a capixaba Shirley Kaiser apresenta Novo Templo, seu sétimo disco – o primeiro projeto pentecostal lançado pelo selo UMCG.

O disco rompe um hiato de quatro anos, seu último projeto havia sido lançado em 2011, onde lançou pela Praise Records o CD Santidade. O disco em questão teve boa aceitação entre os pentecostais, mas teve sua divulgação completamente prejudicada por conta de problemas enfrentados entre os sócios da gravadora, Reginaldo Almeida e Lauriete. Com o encerrando das atividades da gravadora, o álbum não teve continuidade e a cantora também não procurou se informar de seus direitos e não soube aproveitar o boom que seu álbum estava alcançando e deu uma sensação de final de carreira. Por diversos momentos a cantora pensou em desistir de gravar, mas teve sua confirmação de que não deveria parar quando recebeu o convite para ingressar o cast da UMCG.

Se nos discos anteriores Shirley se cercava de produtores experientes no gênero pentecostal, como Jairinho Manhães e Melk Carvalhedo, para a fase atual com o álbum Novo Templo, escolheu ser produzida pelo novato Stéfano de Moraes, que apesar de ter assinado alguns trabalhos como produtor de nomes expressivos na música cristã nacional (Anderson Freire e Willian Nascimento), ainda não mostrou a que veio como produtor musical.

Stéfano se cercou de músicos experientes que já trabalham com música gospel, dentre eles o baterista Valmir Bessa (já foi da banda 4 por 1), o baixista Charles Martins (Gisele Nascimento, Michele Nascimento, Novo Som, Cassiane) e o guitarrista Adson Sodré (Val Martins). Nem com todas essas colaborações o produtor conseguiu trazer empolgação ao álbum. A musicalidade do disco é morna, timbre dos instrumentos e arranjos parecem ser os mesmos da primeira à última faixa, não há dinâmica criativa. Outra coisa que incomoda na audição é a mixagem que deixou a banda e os backs bem apagados, deixando a voz da cantora em um plano muito diferente. A impressão que se tem é de que Shirley está cantando sobre uma base de Karaokê.

No repertório, algumas canções conseguem driblar o tom morno da produção musical, são elas: Deixa o céu vir de Luciana Leal, a faixa fala sobre o revestimento de poder liberado em Atos 2:8, um dos temas mais cantados pelos pentecostais e que tem a característica de canções para conjuntos, o Medley da inédita Abro Mão, também de Luciana Leal, com o hino tradicional Doce Presença, Shirley interpreta de forma bem emocionada sobre abrir mão de tudo e ser completamente tomada pelo Espírito Santo. Querite é um pop sertanejo de Anderson Freire que faz a comparação do tratamento de Deus com Elias em Querite com o deserto que o cristão possa estar passando. A regravação de Jesus e Eu um dos maiores sucessos da cantora gravado originalmente em 2006 no seu disco Tempo de Vencer (Praise Records) e Tudo que Soumúsica do Marquinhos Gomes que também deu a sua colaboração dividindo os vocais com Shirley na faixa, resultando em um harmonioso dueto.

Novo Templo é o disco mais irregular da cantora desde que alcançou projeção nacional entre o público pentecostal em 2004, quando lançou aos 14 anos o disco Deus Forte (Praise Records) certificado com disco de ouro. A inexperiência da UMCG na direção artística de um projeto pentecostal fica muito evidente nesse projeto. O single escolhido para divulgar o álbum, Tua História, composição de André Freire é muito fraco e não diz nada sobre o projeto, talvez a pior faixa do disco, em nada contribuiu para comunicar ao público que ela está de volta. Fora isso, faltou e muito critério na escolha do repertório e na escolha do produtor musical.

Pelo seu histórico de bons álbuns, sabemos que a cantora pode ir muito mais além. Talvez o tempo que passou fora do estúdio a tenha prejudicado na hora de montar o projeto, também por ser o primeiro projeto pentecostal do selo da Universal Music Christian Group faltou uma direção melhor. São erros que podem ser corrigidos com a evolução do selo no mercado gospel e com um produtor musical experiente para a cantora, que é uma boa voz pentecostal.

Shirley ainda segue no cast da grava, mas não se sabe quando virá novos projetos, só nos resta aguardar.

Ouça o CD na plataforma de streaming spotify:

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