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Análise Mais: Diamante – Damares

Quem era Damares antes do lançamento do CD “Apocalipse”, em 2008? Confesso que eu (quem escreve) não a conhecia,

Análise Mais: Diamante – Damares

Quem era Damares antes do lançamento do CD “Apocalipse”, em 2008? Confesso que eu (quem escreve) não a conhecia, mas se perguntar hoje eu respondo: É uma das cantoras recordistas de vendas do meio gospel e quem já ouviu o seu testemunho pode dizer que, de fato, sua Vitória hoje tem “Sabor de Mel”!

Diamante abre a parceria de quase 11 anos com a gravadora carioca, Sony Music, que na época, havia acabado de abrir seu departamento do segmento gospel, aqui no Brasil.

O álbum é o sexto de sua carreira e chegou “causando” no segmento, sendo o mesmo certificado com disco de ouro antes mesmo de seu lançamento (isso é só para quem pode hehe). A artista retorna com a parceria de Melk Carvalhedo na produção musical que tem, em sua maioria, canções de autoria de Agailton Silva, e foi dividido com letras de outros compositores consagrados do ramo, como; Dill (Os Nazireus), Irmãs Andrads, Lázaro e Eduardo, Tângela Vieira, Roberto Reis e Anderson Freire, ainda conta com a participação especial de irmão Lázaro na faixa “Derrama Shekinah”.

Confiram agora a análise do CD “Diamante”.

Emiciando o trabalho, temos a faixa tema e um dos singles da obra “Diamante“, composição de Agailton Silva. A música é bem gostosa de ouvir devido a suavidade que a cantora entoa, tornando-se uma das mais rentáveis do CD. O piano logo de cara em sua introdução deixa um gostinho de quero mais. Damares vai levando tudo calma e ungidamente e, como na maioria das canções de Agailton, o coro é bem repetido. O resultado é ótimo, com um back perfeito, principalmente no finzinho quando a artista canta “a jóia linda” e eles respondem “diamante”. Nota 11!

Logo a seguir, temos a canção ritmada do álbum, a faixa “De Repente“. Sua introdutória é bem pesada, com um backing bem cronometrado de fundo. Sua letra é bem rimada, onde uma puxa o verso da outra. Eu particularmente amo músicas que brincam com a rima, e a canção ficou bem a cara da Damares. Novamente, a cantora aborda a suavidade em seu timbre.
Com bastante guitarra, bateria, teclados e violinos, a faixa descreve o momento que Deus derramou do seu espírito no dia de Pentecostes. Dill, da dupla Os Narizeus assina a composição da interprete.

Escolhida para ser a música de trabalho do disco, temos “Um Novo Vencedor“, que leva uma pegada parecida com a de “Sabor de Mel”. A composição de Agailton Silva preza em falar sobre a fragilidade do homem “pequeno” mediante a homens já formados, seja fisicamente, mentalmente ou espiritualmente. “Aonde o grande pisa no pequeno sem olhar se está ferindo ou se está matando”, cita um trecho da faixa.
Claramente baseada na história de Davi, a canção foi bastante trabalhada no jogo de cordas, tendo um choro de guitarra intensivo em sua ponte. A gravadora acertou em cheio a escolha do primeiro single da obra.

Essa faixa possui um backing de peso, formado por Jairo Bonfim, Wilian Nascimento, Adiel Ferr, Tita Ferr, Josy Bonfim e Rob Olicar, e é uma mistura da essência do pentecostal com o estilo worship (louvor e adoração, na época) através do Coral RenovaSoul . “Glória” é o nome da canção, composta pela dupla mineira, Irmãs Andrads. Logo de inicio somos apresentados a junção de vozes do backing, debaixo de um jogo de cordas. Em seguida, Damares entoa cada estrofe debaixo da unção divina. Essa canção parece ter sido “fermentada” pensando exatamente nos corais do Brasil, ótima letra.

Aqui temos uma música tradicional nos discos pentecostais, com temática escatológica, “Fim do Mundo” parece ter sido embasada nos livros de geografia com aprofundamento no livro do Apocalipse.
Depois de anunciar “Apocalipse”, Agailton chega com essa faixa, e como dito acima, possui um contexto bem repetitivo, bem comum nas composições do autor. Logo em sua introdutória, ouvimos gritos desesperados de algumas pessoas, narrado o que há por vim. Destaque para os arranjos bem colocados, sem exageros comuns para este tipo de produção. Mais uma vez, Melk colocou em prática os anos de confiança que Damares lhe depositou.

Composta pela dupla Lázaro e Eduardo, “Sacrifício e Adoração” é sem dúvidas, a preferida de muitos que curtem o trabalho da artista.
A canção começa com uma ministração de Damares, baseada na passagem de Salmos 78. Diferente das outras canções até aqui proposta, essa faixa possui um diferencial bem incomum na voz da cantora. Damares resolveu apostar em um pop/adoração e o resultado não saiu feio. A música é um dos grandes destaque da obra, com seus arranjos pomposos comandados por Melk.

Outra canção baseada em um contexto bíblico, temos “Na Mesa do Rei“, composição de Tângela Vieria. Sua letra é embasada na história de Mefibosete, filho de Jônatas que foi resgatado da cidade de Lodebá pelo rei Davi, devido a promessa que fez a seu amigo. Trazendo uma mensagem de esperança, a faixa tem uma pegada bem pentecostal e uma letra bem fácil de se gravar, apesar de continuar no óbvio.

A oitava faixa do disco é a que menos me atrai. “Derrama Shekinah” parece uma canção que colocaram no repertório porquê todo CD pentecostal tem que ter; o famoso forró, e de quebra, chamaram o cantor Lázaro para ficar repetindo “derrama, derrama, derrama…” como se Deus fosse surdo e você tivesse que repeti incontáveis vezes para Ele lhe atender. De longe é a melhor composição de Agailton. Nota 0!

O nome “Quem Viver Verá” já dava indícios de uma forte letra, e não ficou por menos, Agailton se redimiu da faixa anterior com essa linda música baseada na história de Davi, mais especificamente, em sua luta contra o gigante Golias. O compositor soube extrair muito bem o contexto e trazê-lo para os dias atuais, que alias, ficou bem a cara da cantora, só faltou ela entoar que sua vitória tem “sabor de mel” no seu corpo final. Os arranjos também deram um UP a composição.

Ao estilo Black Music, “Adoração Sem Fim” é a grande surpresa do álbum. A canção fala que, para subirmos na vida, precisamos descer. Essa música tem uma melodia envolvente, e o back característico do gênero é bem nítido. Roberto Reis assina a faixa, que por sua vez, é bem bonita. Melk novamente arrasando com a jogada do pop com mesclagem em black.

Só deu ele! Mais uma composição de Agailton Silva, “Ação de Deus” é uma canção que aborda outra matéria escolar, desta vez, a biologia!
A citologia abordada pelo compositor é bem rimada e envolvente. Membranas, histonas e células é o que não faltam nas estrofes. Os arranjos usados por Melk nessa faixa é bem na medida, sem mais ou menos. A música cresce a partir de seu meio corpo.

Outra canção das Irmãs Andrads, “Preciosidade” é uma linda música, seus arranjos são bem leves e agraciados. Damares entoa suas estrofes sem muito esforço para não tirar o brilho da composição. Talvez, essa seja a faixa mais simples da obra, o que não é ruim, alias, o replay sempre é bem vindo. Preciosidade parece ser uma continuação do título do álbum, devido a sua letra que se completam.

Damares mais uma vez veio a nos ensinar a geografia do Brasil com “O Brasil é do Senhor“, no melhor estilo “Viajando Pelo Brasil”, de Lauriete. A faixa marca a última composição de Agailton na obra, sendo a mesma bem rimada, nos lembrando os 27 estados do Brasil e como Deus é chamado em determinadas regiões.
A canção é muito gostosa com o acordeom de Eron e William Santos e a percussão de Zé Leal. As partes mais engraçadas são do Paraná, terra de Damares que tem o sabor de mel, e quando fala do Rio de Janeiro a faixa entra no ritmo do samba.

Para fechar o álbum com “Diamante”, temos a primeira composição de Anderson Freire interpretada por Damares, “Consolador“. A canção é uma oração em forma de canto, muito linda que por sinal.
Damares mostra sua versatilidade em canções de adoração e é acompanhada mais uma vez pelo Coral RenovaSoul.

Conclusão

O que se pode perceber no primeiro álbum de Damares pela Sony Music, é o cuidado com o repertório. Em seu sexto álbum em estúdio, tentaram repetir a dose proposta no sucesso anterior com arranjos mais modernos e ao mesmo tempo, que lembrasse a essência de alguns hits da cantora.

Além disso, a equipe técnica por detrás do projeto, trataram de sugar o máximo possível do compositor Agailton Silva – dono do sucesso “Sabor de Mel” – na esperança de repetir a mesma formula de antes. Por sorte, o tiro não saiu pela culatra, entretanto, ficou bem evidente o desespero em querer fazer Damares render aos cofres da gravadora.

Diamante não é um álbum ruim, muito pelo contrário, conseguiram sobrepor seu antecessor com certa maestria, graças ao exprimido Agailton.
Damares fez um disco essencialmente pentecostal, apostando em outros ritmos, como o pop, que insiste em invadir as produções do gênero, presente, mas sob controle.
É um disco muito correto, tecnicamente bem pensado, com poucos deslizes realmente significativos, a não ser pela faixa Derrama Shekinah!.

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Gilcinei

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